domingo, 1 de julho de 2007

Viagens à tasca

Por muito que tente evitar, é-me impossível passar mais de dois fins-de-semana sem pôr os pés numa das várias lojas da cadeia FNAC (a minha tasca). Desta vez, e por variadíssimas razões, das quais destaco o aproximar do período de férias e os investimentos no SBSR e na estreia de Aimee Mann em palcos portugueses (25 de Julho de 2007 no Coliseu de Lisboa), o cartão Multibanco ficou em casa. Contudo, há sempre que levar alguns € para acomodar o estômago se necessário.

Desta vez saciei, «o meu estômago», com o novo álbum dos britânicos Editors e o disco de estreia, de 2001, da actual coqueluche indie norte-americana, os The National
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Não fosse «Boxer» este disco teria ficado para sempre esquecido e conotado como «o álbum com a capa sui generis», para não dizer bimbo, já que parece estarmos perante uma fotografia caseira e não uma capa para uma obra discográfica. Confesso que a aparência tem muito impacto no produto final e por variadíssimas vezes adquiri discos devido à sua cara de apresentação (como são exemplos «Welcome To The Monkey House» dos The Dandy Warhols; «Is This It» dos The Strokes; ou, mesmo «Beautiful Freak» dos Eels) e comprei outros tantos como sendo mais uma obra daquele artista/banda em especial, mas com um visual muito aquém das expectativas (o novíssimo «Era Vulgaris» dos Queens Of The Stone Age é um bom exemplo disso). Todavia, «as aparências iludem» e ainda bem para estes norte-americanos.

«The National» foi editado em 2001 e já na altura Matt Berninger e companhia mostravam capacidades para reunir uma significativa e fiel legião de fãs. As referências são mais que muitas, desde Nick Cave a Pulp, de Leonard Cohen a The Cure, de Tindersticks a The Walkabouts, de Ryan Adams a Tom Waits, de Beck a Wilco... Conclusão, foi mais uma bela surpresa dos The National neste ano de 2007 e mais um disco a ir direitinho para o meu i-pod (com a capa do disco a ficar em casa)...

No caso dos Editors, o novo «An End Has A Start» vem tentar dar seguimento à exposição mediática que «The Back Room» angariou. Como não podia deixar de suceder, muito se falou do difícil segundo disco dos Editors e de bandas que (supostamente) não conseguiram ultrapassar esse obstáculo com distinção, de acordo com opiniões generalizadas, casos dos Bloc Party, Maxïmo Park, Razorlight e Futurheads à cabeça.
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O ambiente continua a ser sombrio. A voz de Tom Smith mantém a urgência desesperante perfeita para encarar a morte de frente. Os fortes riffs de guitarra continuam a marcar um bom ritmo. Contudo, algo mudou. Basta saber se mudou para melhor ou para pior... Tenho que admitir que este «An End Has A Star» está uns pontos abaixo de «The Back Room». Não deixando de ter bons momentos, Tom Smith e companhia regressam com uma clara tentativa de solidificar a posição dos Editors nas tabelas de vendas, com uma aproximação aos universos U2 e Coldplay. «Bones» são os U2 nos inícios dos anos 80 em «I Will Follow» (ao menos acertaram na época dos U2 a «reproduzir»); o primeiro single «Smokers Outside The Hospital Doors» e grande parte do disco junta Chris Martin à banda (veja-se o video e a postura de Tom Smith).
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Não sendo um mau disco, confesso que esperava um pouco mais destes Editores. Desta forma, deixo como recordação «Munich», incluído em «The Back Room» e um dos melhores singles de 2005 (a par de «Bullets»).
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