terça-feira, 16 de novembro de 2010

"Lisbon" em Lisboa

O recente concerto dos The Walkmen, no Coliseu de Lisboa, prometia ser de celebração. Não só pela marca deixada pela banda de Nova Iorque nas duas primeiras actuações em Portugal (ainda hoje recordo a memorável estreia, em 2008, na lindíssima sala do Teatro Tivoli), mas também porque os The Walkmen apadrinharam o seu novo trabalho de «Lisbon». Pequena homenagem da banda à cidade onde, durante os últimos três anos, mais gostaram de tocar. O público presente, ciente desse tributo, desde cedo fez por mostrar todo o seu apreço pela música dos The Walkmen. Já a banda, consciente de que esta seria mais uma noite especial, deu o que tinha e o que não tinha. Impressionante a intensidade interpretativa e a entrega de Hamilton Leithauser a cada canção. Magnífica a autoridade de Matt Barrick e a forma com que nos prende às suas desafiantes e audazes composições rítmicas (o melhor baterista rock da actualidade?). Espantosa a segurança de Paul Maroon e a serenidade e seriedade com que produz alguns dos riffs mais marcantes da última década do alternative pop-rock (“The Rat” é uma canção perfeita). Preciosos os papéis de Pete Bauer (órgão e piano) e Walter Martin (baixo e percussão) na condução sólida e revivalista da música da banda. Elementos que convergem na perfeição ao vivo, oferecendo momentos intensos e despidos (leia-se sem grandes artefactos). Foi, neste cenário de culto e profunda entrega, que os nova-iorquinos The Walkmen apresentaram «Lisbon» em Lisboa. Um concerto que começou com o tranquilo «While I Shovel The Snow» para logo depois explodir ao som de «In The New Year», «Angela Surf City» e o monumental «The Rat». Desta forma, e findados os primeiros quinze minutos de concerto, a ansiedade de ouvirmos os hits da banda de «Lisbon» esvaiu-se e a celebração transformou-se em devoção (tal como na estreia, no Super Bock em Stock, em 2008). A intensidade foi, desde então, uma constante e o sentimento de comunhão de mais um momento mágico no Coliseu dos Recreios apoderou-se de todos os presentes. Quase todos os discos de originais foram recordados, com especial destaque para a verdadeira lullaby «We’ve Been Had», de «Everyone Who Pretended To Like Me Is Gone» (2002), e a soberba «All Hands And The Cook», de «A Hundred Miles Off» (2006). Aplaudimos, de forma mais efusiva, as incursões nos obrigatórios «Bows & Arrows» (2004) e «You & Me» (2008) («Dónde Está La Playa», «On The Water» e «Canadian Girl» são pequenos tesouros em formato de canção) e deleitámo-nos com o requinte que percorre as ruas desta nova «Lisbon», cantada pelos The Walkmen. Que grande concerto!

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