terça-feira, 12 de outubro de 2010

2010 | Viagens à tasca em período de férias VI

O mapa de férias marcava descanso para a semana de 4 a 8 de Outubro e, uma vez que a digressão 360º dos U2 me levou até Coimbra, aproveitei para palmilhar mais uns quilómetros e assentar arraiais em Braga (e, antes que me esqueça, obrigado Gianni...). A ideia era conhecer alguns dos locais mais frequentados do Minho, Trás-os-montes e Alto Douro e Douro Litoral e absorver alguma da atmosfera cultural local. Desta forma, e como não poderia deixar de ser, os locais de peregrinação melómana não foram esquecidos. Passei por algumas lojas FNAC, por espaços culturais mais alternativos, salas de espectáculo ainda por conhecer e pela CDGO.COM (JO-JO’SMUSIC). Caríssimos, devo confessar sentir uma pequena inveja por não poder usufruir de uma «loja de conveniência» como a CDGO.COM do Porto. Porquê? Imaginem uma selecção discográfica diversificada, com maior incidência numa área que se convencionou chamar de alternativa, e um espaço cuidado. Um local alternativo, é certo, mas consistente. Raios! Atrevo-me, mesmo, a afirmar que Lisboa bem precisa de um local idêntico à CDGO.COM, da Rua de Cedofeita (Porto).
.
Arcada da Praça da República (Braga)
.
Contudo, a recente viagem, em termos discográficos, iniciou-se na desinteressante FNAC de Braga e pela mão do estreante Dylan LeBlanc. Singer-songwriter norte-americano que, com apenas vinte anos, alcançou a distinção de «debut of the month» da influente revista Uncut. «Paupers Field» é, de facto, uma extraordinária colecção de canções «americana» capaz de pôr Ryan Adams em sentido. A banda sonora perfeita para dias de chuva e paisagens bucólicas, cenário privilegiado desta minha recente passagem pelo norte de Portugal. «Paupers Field» acabou, assim, por ser o disco certo para a altura certa, mas o álbum de estreia de Dylan LeBlanc tem méritos adicionais. Da combinação perfeita entre o folk rock de Neil Young e a desordem emocional que permeia os territórios musicais de Lhasa de Sela, David Eugene Edwards e Van Morrison ao convívio melódico com os mui elogiados Fleet Foxes e os seus ascendentes Crosby Stills Nash & Young (CSNY). No entanto, são mesmo as canções de Dylan LeBlanc que mais encantam. Desafio à navegação: ouçam «Low», «If The Creek Don’t Rise» (tema que conta com a participação especial de Emmylou Harris), «Ain’t To Good At Loosing», «5th Avenue Bar» ou «Coyote Creek» e digam-me lá se Dylan LeBlanc não merece toda a nossa atenção?
.
Quem, também, merece todo o nosso apoio é Alan Palomo e o seu projecto Neon Indian. Ainda assim, «Psychic Chasms», álbum que em 2009 encasquetou grande parte da imprensa especializada, continua a ser peça rara nas principais tascas da nossa capital. Questão, entretanto, resolvida com uma rápida e noctívaga visita a Guimarães. O frio e a chuva apontaram-me o caminho do Centro Comercial mais próximo e à saída, canções como «Deadbeat Summer» e «Should Have Taken Acid With You», desencobriam o sol e o calor do verão. «Psychic Chasms» é música estival com tempero Eighties e melodias capazes de estragar qualquer dieta, de tão doces que são. Exercícios synthpop nostálgicos que parecem construídos no sótão da casa de praia de Alan Palomo e que sabem a mel. A par do EP «Life Of Leisure», do projecto de Ernest Greene, Washed Out, «Psychic Chasms» é o melhor remédio para curar depressões pós-verão.
.
Enquanto exploro as restantes propostas importadas do norte, deixo-vos o primeiro vídeo de Dylan LeBlanc, «If Time Was For Wasting».
.

Sem comentários: