quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Com um brilhozinho nos olhos...

I must admit / I can't explain / Any of these thoughts racing / Through my brain / It's true / Baby I'm howlin' for you”. Foram estas as palavras escolhidas pelos The Black Keys para abrir o concerto no Pavilhão Atlântico. O público, que encheu a plateia, uivava pela estreia da banda de Akron, Ohio. Dan Auerbach assumia o papel de salvador do blues-rock. Porém, alguém esqueceu-se de ligar o microfone. Ouviram-se assobios e os “Nana Nana Na, Nana Nana Na” dos coros, mas Dan Auerbach não parou: “There's something wrong / With this plot / The actors here / Have not got / A clue / Baby I'm howlin' for you (...) Nana Nana Na, Nana Nana Na / Nana Nana Na, Nana Nana Na...” Ainda antes do lânguido e poderoso riff de «Next Girl», trocou-se de microfone e as coisas pareciam ter encarrilhado. No entanto, houve sempre uma sensação de desconforto quanto ao som e ao espaço. A música da dupla é grande e incendiária, mas as suas canções pedem proximidade. Factor que nunca existiu na noite da passada terça-feira. Ainda assim, os The Black Keys revelaram mestria na hora de rock n’ rollar. Apresentaram-nos algumas das melhores malhas rock dos últimos anos («Tighten Up» e «Lonely Boy» são magníficas), recuperaram os tempos mais ásperos e de garagem, com «Thickfreakness», «Girl Is On My Mind» e «Your Touch», mostraram estar no auge da sua popularidade com novos sucessos (impressionante o feedback do público a temas como «Little Black Submarines», «Dead And Gone» e «Gold On The Ceiling») e ainda tiveram tempo para inflamar o ambiente com promessas de regresso. Houve espaço para um único encore, composto pelo falsete irresistível de «Everlasting Light» e o portentoso «I Got Mine». Os norte-americanos, que davam o primeiro concerto de uma digressão europeia com treze actos, cumpriram, mas não deslumbraram. Por isso, é com um brilhozinho nos olhos que continuarei à espera de ver Dan Auerbach e Patrick Carney num outro espaço da cidade, com outras condições.





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