quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Chromatic synthpop

Não há volta a dar. «Kill For Love», o novo trabalho dos Chromatics, é um dos grandes discos de 2012 e um artigo difícil de apanhar nos escaparates de Lisboa. A banda de Portland, Oregon, continua a apostar em produções retro e texturas synthpop para compor temas lânguidos e extremamente sensuais. Canções que perseguem ecos Joy Division e New Order, mantendo, contudo, a sua identidade dream pop. Elementos que podemos encontrar, por exemplo, em «Into The Black», uma extraordinária versão de «Hey Hey, My My (Into The Black)», de Neil Young, e o tema que abre «Kill For Love». As vocalizações de Ruth Radelet, apesar de indolentes, insistem em catalisar as sedutoras produções de Johnny Jewel, o nosso guia aqui, como, também, nos projectos Glass Candy, Desire e Symmetry. O resultado é sexy e irresistível («Lady» é um dos melhores singles do ano). O álbum acaba, assim, por se revelar num valente sucessor de «Night Drive» (2007). As premissas não mudaram muito, mas a música dos Chromatics está mais apurada e completa. Se em «Night Drive» identificávamos alguns pontos altos (recordo «I Want Your Love», «Night Drive», «Tick Of The Clock» e, claro, a belíssima cover de «Running Up That Hill», original de Kate Bush), «Kill For Love» não desarma e mantém o nível elevando em todos os seus setenta e sete minutos. Há momentos serenos («Running From The Sun», «Candy» e «The River» são deliciosos), canções etéreas (ouçam-se «Lady», «Birds Of Paradise» e «There's A Light Out On The Horizon»), temas mais ligados à new-wavePage») e outros mais apostados na pop com sabor vintage Kill For Love» e «These Streets Will Never Look The Same»), episódios nineties Dust To Dust»), músicas astronáuticas («Broken Mirrors») e ainda existe tempo e espaço para menear a anca («Back From The Grave»). Um disco obrigatório, resgatado na Flur.

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