terça-feira, 20 de novembro de 2012

Mama Said

«Come Home To Mama», o terceiro álbum de originais de Martha Wainwright, não é um disco fácil. «Proserpina», o seu primeiro single e a última composição conhecida de Kate McGarrigle, a Mãe de Martha e Rufus Wainwright que faleceu em Janeiro de 2010, proporciona-nos um momento raro na discografia da canadiana. O tema evoca a relação entre Mãe e Filha (Proserpina é filha de Júpiter e Ceres e é raptada por Plutão para ser sua esposa), por isso é impossível não notar a emoção que percorre na voz de Martha. A sua interpretação visceral, ainda o elemento diferenciador na música de Martha Wainwright, e as texturas clássicas da canção aproximam-na do cancioneiro do irmão Rufus. Porém, «Proserpina» parece ter sido escrita para a sua voz grave e feminina. Até esse momento, «Come Home To Mama» mantém os parâmetros habituais em Martha Wainwright, combinando construções folk com estruturas pop-rock e atitude singer-songwriter irreverente. No entanto, na segunda metade de «Come Home To Mama», Martha Wainwright perde essa postura e, apesar de nos mostrar afinidades com ferramentas mais electrónicas, em «Four Black Sheep», canções atraentes, como «Leave Behind», e confissões maternais, em «Everything Wrong», o facto é que o disco não se segura em pé. «Come Home To Mama» não desilude, mas o resultado seria bem melhor se Martha Wainwright optasse por apresentar um EP.

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