sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Interpol - Act 2

O que dizer do concerto dos Interpol? De facto, as condições eram propícias para uma grande noite. O Coliseu estava esgotadíssimo (já há algum tempo que não se via tanta gente no recinto lisboeta); o álbum e respectivos singles de «Our Love To Admire» continuam a portar-se bem; e o espectáculo surgia quatro meses após uma belíssima estreia em palcos nacionais (no Super Bock Super Rock). O que faltou então à actuação dos Interpol?

Os músicos são bons, a banda entende-se às mil maravilhas e as canções (personagens principais de qualquer concerto que se preze) são boas. Porém, aliado a um alinhamento de altos e baixos, o público lisboeta mostrou-se, durante grande parte da actuação, apático e sem sal. Longe vão os tempos em que os concertos em Portugal ganhavam dimensão pela entusiasmante prestação do público. Há cerca de dez anos um concerto em palcos lusos era um evento único, não só porque Portugal nunca fez parte do roteiro «normal» das digressões como o público mostrava-se sedento, fazendo tudo por tudo para criar empatia com os artistas. Hoje em dia, directamente relacionado com uma maior oferta ou não, a letargia predomina. A banda chega, dá o seu espectáculo e quando nos apercebemos o concerto já terminou. O que estará a prender o público português?

Passando adiante. Os músicos são exímios, chegando ao ponto de reproduzir fielmente os temas de todos os seus álbuns de estúdio. Foi assim no SBSR (mas ninguém os crucificou, pois era a primeira vez) e foi assim na passada noite de 7 de Novembro. Pelo palco passaram os grandes sucessos do colectivo norte-americano. «Obstacle 1», «Mammoth», «Slow Hands», «Evil», «C’mere», «The Heinrich Maneuver», «No I Threesome», «PDA»… Tudo ingredientes favoráveis a um excelente concerto. No entanto, foi com «Pioneer Of The Falls» (a abrir), «No I Threesome», «Rest My Chemistry» e «The Lighthouse» que vimos algo de novo nos Interpol. Todavia, paradoxalmente foi com estes dois últimos temas que se deu uma quebra brutal no espectáculo. O público recostou-se e rapidamente chegámos ao final de mais um concerto em Lisboa. Já agora, qual é o próximo concerto?
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Especial menção para os Blonde Redhead, banda norte-americana que acompanha os «vizinhos» Interpol na digressão europeia. Uma boa parte da plateia revelou conhecer a discografia dos irmãos Simone e Amedeo Pace e Kazu Makino (elemento essencial para a estratégia de sedução do colectivo). A música é atraente e a voz, mais esganiçada em palco, de Kazu Makino (a lembrar uma Julee Cruise) dá um ar alucinado ao espectáculo. «23», o tema título do excelente último registo, fechou a tentadora prestação do colectivo e deu razões para uma outra visita e noutras condições.
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À semelhança dos últimos posts, damos especial atenção a um disco, colocado em lista de espera para se apresentar neste espaço, associado a um recente concerto e a mais uma viagem à tasca (já em território nacional). Os Blonde Redhead mostraram o que valem na primeira parte dos Interpol. Canções ensopadas em octanas de 2007. À escola New York, mais precisamente dos seus «vizinhos» Sonic Youth, juntam a eloquência pop gótica de inícios de 80. O resultado final são 10 vitaminados temas que revelando uma sonoridade etérea dão ânimo e assentam ainda mais a esperança no futuro deste trio norte-americano. «23», «The Dress», «SW», «My Impure Hair», «Spring and by Summer Fall», «Silently» e «Top Ranking» são excelentes exemplos da melhor pop que 2007 já nos deu.

A despedida é feita ao som de «23» dos Blonde Readhead. Vídeo realizado por Melodie McDaniel.
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1 comentário:

Anónimo disse...

com muita pena minha não puder ir a interpol. mas aquilo de que te queixas tb eu presenciei na noite do rufus. o público apático e sem sal, que me põe a pensar se sou eu que não me sei comportar num concerto, por não resistir a abanar nem que seja a cabeça, por desatar a chorar com alguma emoção mais forte, ou mesmo por *sacrilégio* cantar!
mas sinceramente acho que o prob não está em mim...